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vendredi, septembre 16, 2005

Sinal dos tempos

O mundo mudou. Certo, até aqui nenhuma novidade. Mas a mudança nos atingiu, e em cheio, justamente na vida amorosa. Para muitos, a área mais melindrosa de sua já frágil condição humana. Antes, os casais suportavam um casamento sem amor por toda uma vida, suportavam até mesmo os casamentos arranjados. Ignoravam o tédio e a falta de interesse em nome dos filhos, da família e das aparências. Hoje, ninguém mais está disposto a passar por isso. O reconhecimento da sociedade era a grande recompensa. Hoje, achamos que não vale o sacrifício. O “que seja eterno enquanto dure” de Vinícius de Moraes virou regra. Especialmente nos grandes centros.
Nas cidades menores, esta nova filosofia de vida chega um pouco mais lenta. Mas chega. Mulheres e homens assumem a condição de solteiros por opção. Para alguns, o processo é lento e gradual. Para outros, a urgência em ser feliz foi maior que qualquer conveniência. Mas até aqui o que está em voga é simplesmente uma quantidade cada vez maior de parceiros. O fim da exclusividade. Agora a mudança já atinge as formas de amar. Antes adeptos da solterice, atualmente algumas pessoas já optam pela solidão, o preço da liberdade.
Pensar nisso é cruel. Mas é tarde para voltar atrás. Segundo o psicanalista Jurandir Freire Costa, a raça humana caminha em direção a certo processo evolutivo amoroso que nos transforma em soldados de um exército de solitários. A indústria, a tecnologia e o setor imobiliário já sabem disso. Cada vez mais apostam em porções individuais, internet e kitinetes. Nascemos em um tempo em que o romantismo se esvai. Dos filmes, das músicas e, especialmente, dos relacionamentos.
Quem ousar contrariar a ordem natural das coisas será, fatalmente, criticado pelos amigos, família e, especialmente, pela mídia, que sempre nos prega novos padrões de comportamento. “O quê? Como você ainda se sujeita a passar por isso? Isso é falta de auto-estima”, sentenciam. No futuro, seus filhos te dirão: “Passou tudo aquilo por minha causa? Não, não venha agora querer me culpar por suas fraquezas e por suas neuroses”. Esta mudança de postura está errada? Não sei. O fato é que, além de irreversível, ela é característica de uma civilização.
Sofremos porque analisamos nossas vidas individualmente. Seus amores não dão certo? Não há nada de errado com você, mas com a época em que você nasceu. De acordo com Freire Costa, somos todos sobreviventes de uma espécie que está confusa em um estágio intermediário, mas que pertence à mesma escala neste processo evolutivo. Para entendê-lo, o ideal é analisar o passado. Lembrá-lo e, enfim, entender como o tempo em que vivemos levará os nossos descendentes ao futuro. O difícil é imaginar este futuro. Mas a cada dia o seu próprio mal. Já é triste o suficiente saber que todos os dias diminuem as nossas chances de encontrar um amor verdadeiro. No máximo, podemos esperar por algumas histórias bonitas e rápidas.

4 commentaires:

Anonyme a dit…

Essa mudança as vezes me causa medo...
Talvez eu tenha parado no tempo, esquecido de evoluir junto com o resto do mundo, mas a verdade é que não quero ficar soinha, não quero SER sozinha...
Eu ainda acredito na felicidade, na cumplicidade, na fidelidade e principalmente no amor...
Pode parecer bobagem, mas se esses valores não existirem mais, eu prefiro continuar fantasiando, pois se não acreditar neles, não terei mais nada em que acreditar, e se não tiver em que crer, não terei porque viver...
Quanto a você, talvez tenha se habituado a essa nova condição da sociedade, mas não deixe que os verdadeiros valores da vida se percam em seu caminho, não se esqueça do carinho, da amizade, da compaixão e acredite no amor... Ele pode demorar a aparecer, mas um dia ele vem e quando ela chegar você vai perceber que a espera foi em prol do crescimento.

Anonyme a dit…

Amiga, o texto é lindo, mas tô te achando muito pessimista. Pela milésima vez eu te digo: tudo tem a hora certa. Vc não esperava as mudanças que ocorreram em sua vida. Lembra do que conversamos domingo? Eu mesma, tinha outra vida, outras perspectivas e minha vida mudou completamente. Lembra que não acreditava mais em amor? Mas a vida me deu um tapa na cara com luva de pelica. Quanto mais relutei, mais enxerguei que o amor existe sim...
Estamos sujeitos a tudo. A qualquer caminho que Deus nos guiar. Não acho que o amor de tornou algo tão restrito. O amor não muda. O mundo pode mudar, mas o amor é mais forte que tudo que pode surgir ao nosso redor... Por isso, amiga linda, continue sonhando com sua casinha em Piri, onde a Anastácia vai ficar correndo no jardim e vc gritando igual louca com medo dela se machucar. A gente não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas...
Te amo muito...
Lara

Anonyme a dit…

Ou, tô dando rata aqui nesse trem!!!! Apareci aomo anônimo....kkkkkkk.

Anonyme a dit…

No fim tem os amigos...